terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Coisas estranhas acontecem

Não só na vida real mas também na informática coisas estranhas acontecem. Vou lhes contar dois casos interessantes que mostram como a velocidade de download e conexão pode ser muito maior do que aquela que os meios oficiais dizem ser a velocidade máxima. Vou contar também sobre dois casos de possíveis vírus que eu presenciei: um arquivo sendo baixado pelo shareaza que acessava áreas proibidas da memória e um vírus de brincadeira (joke virus) que fazia minha impressora HP puxar e soltar folhas sem imprimir nada.
O primeiro caso de velocidade "aloprada" aconteceu durante o uso do "famoso" shareaza, um programa para compartilhamento de arquivos que opera nas redes Gnutella I, Gnutella II (a rede criada pelo próprio shareaza), Edonkey 2000 (a rede do Emule) e BitTorrent. Estava eu baixando uma música mp3 de um artista gringo, através de uma conexão discada (velocidade máxima entre 5 a 7kbps na prática), e havia um número excessivo, bastante anormal de fontes (usuários) com este mesmo arquivo - quando isto acontece, geralmente são arquivos maliciosos (vírus/ trojans) ou falsos - resultado: a velocidade do download começou rapidamente a ultrapassar o limite tradicional de uma conexão discada, chegando em cerca de um minuto a atingir mais ou menos 100 kbps (velocidade de uma placa de rede fast ethernet). Ainda bem que imediatamente após o download ser concluído, ele nem chegou a ser escrito no seu formato definitivo (os arquivos do shareaza atualmente são baixados com nomes começando em "ttr_" e num formato temporário através de dois arquivos: um com a extensão ".partial" e outro com a extensão ".sd", de shareaza download):
 Naquela ocasião, o Norton Anti-vírus removeu o arquivo tão logo ele terminou de ser baixado e o colocou na quarentena, informando tratar-se de um vírus.
Agora, raciocinem comigo: se uma conexão discada é capaz de suportar uma velocidade de transmissão de dados muito maior do que aquele que suporta nominalmente - quando há uma grande redundância de fontes fornecendo partes do dado solicitado, como vimos acima - por que as operadoras de telefonia fixa não implementaram técnicas semelhantes para aumentar a velocidade de conexão à internet discada ao invés de usarem ou inventarem outros tipos de conexão, como linhas digitais, 3g, 4g? Não entendo muito do assunto, mas esse incidente acima me fez pensar se haveria uma possibilidade técnica de implementar um procedimento semelhante para que o país inteiro já pudesse estar navegando com maior velocidade.  
Outro caso envolvendo o Shareaza, foi quando eu estava baixando um conhecido programa de edição gráfica e desenhos vetoriais. O programa estava compactado em .rar (era um arquivo do winrar) e mesmo antes de terminar de ser baixado, acionou a DEP (Data Execution Prevention - Prevenção de Execução de Dados) do Windows. Isso acontece quando um programa tenta acessar áreas proibidas ou reservadas da memória. Ora, esse é um comportamento típico de programas mal escritos - ou  vírus! Depois de refletir um pouco, cancelei aquele download que, apesar de ter um tamanho conveniente (pouco mais de 300MB), era passível de ser um arquivo suspeito, tendo em vista que a maioria das outras opções eram arquivos .iso (imagens de cd) entre 650 a 700MB. A falta de uma conexão banda larga faz a gente arriscar às vezes.
Outro comentário bastante oportuno que eu gostaria de fazer é que o Shareaza não é um programa ruim em si; aliás, muito pelo contrário, ele já me permitiu baixar alguns arquivos raros, que eu só encontrei nele; o problema é que a rede Gnutella II do Shareaza (e até mesmo a Gnutella I) é uma rede muito poluída de vírus e arquivos falsos (por exemplo, mp3s que só têm o começo da música, repetido várias vezes). Outras redes, como a do Ares Galaxy, também têm seus arquivos falsos (são geralmente arquivos com muitas fontes, mesmo sendo arquivos raros, e que aparecem quase que imediatamente quando você clica no botão "Procurar"; arquivos .wma (geralmente) ou mp3 com nomes estranhos, com palavras trocadas, termos em inglês e português junto etc. - são vários os truques e padrões utilizados para enganar usuários desatentos ou com pouca experiência). É necessário um pouco de prática para escapar desses tipos de "lixo digital".
Usando a função de busca do programa, vamos mostrar agora como distinguir o "joio" do "trigo". As screenshots a seguir foram tiradas apenas como exemplo de como se livrar do perigo de arquivos falsos ou mal-intencionados; nenhum dos arquivos foi baixado. Tais buscas foram realizadas apenas a título de ilustração.
Abaixo, em vermelho, podemos ver possíveis arquivos falsos ou maliciosos (repare nos termos "[cd.rip]", "[cd]", "01_nome do artista_192kbps" - termos genéricos possivelmente adicionados na hora por um computador com a intenção de espalhar "lixo" através do shareaza; repare também na velocidade notadamente mais alta do que a dos outros usuários e nos países de onde esses arquivos provêm; sim, as gravadoras americanas certamente usam servidores para distribuir arquivos falsos na rede, numa tentativa de retaliação contra os usuários que se servem da pirataria):
Agora, em verde, podemos observar arquivos possivelmente verdadeiros; em amarelo, arquivos que não correspondem ao termo pesquisado e, em vermelho, arquivos potencialmente suspeitos (também reparem nos países de origem e na velocidade mais alta dos "usuários" compartilhando esses possíveis "lixos digitais":
Abaixo, reparem nos termos "(Full Version)", (High Quality)"; a inversão do nome pesquisado (o sobrenome primeiro, depois o nome do artista; costume tipicamente americano e dos países de língua inglesa); reparem também nos termos "Visit ......." e "Remove...Ads......." indicando possíveis arquivos falsos. Já os primeiros arquivos com nomes "certinhos" que aparecem na screenshot, são certamente arquivos verdadeiros.

Agora, reparem que mesmo com alguns filtros de busca selecionados, ainda aparece todo esse lixo que vimos acima:
 Mesmo tendo marcado para excluir das buscas DRM files (arquivos protegidos contra cópia), Suspicious files (arquivos suspeitos), Non-matching files (arquivos não-relacionados) e Bogus results (resultados falsos), ainda escapa muita "sujeira" que vai parar na tela de resultados da pesquisa.
 Para verificar ou modificar os filtros usados, basta clicar com o botão direito dentro da tela de pesquisa (Search) e escolher Filter Results:
Essas opções podem ser mudadas mesmo que a tela de pesquisa esteja mostrando resultados de uma busca já realizada. Evidentemente, os filtros marcados ou desmarcados só terão efeito na próxima pesquisa.
Agora, o caso do "joke virus" foi quando eu entrei num site que buscava cracks, se não me engano. De repente, a impressora começou a puxar e soltar papel (pelo menos não imprimia nada nem desperdiçava folha). Mandei o Norton, que eu usava na época, escanear o computador e ele pegou o pilantrinha do "joke virus", que foi pra quarentena e depois mandei ele apagar o vírus. Aliás, recentemente, cientistas de uma universidade americana descobriram uma falha de segurança em algumas impressoras laser da HP e que poderia, em tese, fazer com que elas pegassem fogo, ao mandar comandos para elas aquecerem continuamente o fusor. A HP reconheceu a vulnerabilidade e, ao que parece, disponibilizou o download de um novo firmware para as impressoras afetadas pelo problema. Se você tem uma impressora laser antiga da HP vale a pena pesquisar no site da empresa para ver se o seu modelo é afetado pela falha.
Por fim, o segundo caso de velocidade anormal. Esse caso acontece ao usarmos o programa VortecIRC. Quando fazemos o download em um servidor de arquivos no IRC que suporta uma velocidade máxima de transferência de, por exemplo, 20 KBps, ele começa a baixar o arquivo na velocidade máxima da conexão do usuário que está baixando o arquivo e gradualmente vai diminuindo esta velocidade até chegar na velocidade máxima permitida pelo servidor de arquivos. Se a sua conexão for de 200 KBps, certamente ele vai começar a baixar o arquivo em 160, cento e poucos KBps e irá diminuindo esta velocidade progressivamente até chegar na velocidade permitida pelo servidor de arquivos.
O contrário também é verdadeiro: se você estiver usando uma conexão discada e o servidor de arquivos suportar uma velocidade maior que a sua, ele vai iniciar a transferência numa velocidade bem maior do que a velocidade da conexão discada.
Confira nas screenshots abaixo. Veja a velocidade em que o download começa e que, rapidamente, diminui:
E, por fim, a última captura de tela que eu consegui antes do download terminar:
Ah, tem um pequeno detalhe: esta velocidade mais alta não ocorre todas as vezes em que você aceita uma transferência:
Digitado o comando para baixar o arquivo (obtido através da lista de arquivos do servidor), dou "Enter" e, sem muita demora, aceito a transferência:
Considerando que o VortecIRC é um programa instável e que, de vez em quando, trava, pode ser que você não consiga observar este fenômeno numa primeira tentativa. Neste caso, cancele a tarefa:
e insira de novo o trigger (comando) para baixar o arquivo; retome a transferência, se for continuar o download:
Em último caso, tente fechar o programa, conecte-se na rede e no canal do servidor de arquivos e reinicie o processo de transferência do arquivo.
Vídeos que eu baixei usando o VortecIRC não tiveram nenhum problema ou perda de frames, chegando intactos, apesar de terem sido baixados acima da velocidade máxima permitida no começo do download. Não sei se o mérito para este milagre é exclusivo do VortecIRC, ou se ele apenas explora uma "brecha" na configuração ou no programa do servidor de arquivos em si. Embora os downloads pelo IRC não sejam tão populares hoje em dia, é sempre bom saber que há uma opção vantajosa ao se usar o VortecIRC.