terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Perigos e trapalhadas no mundo digital

Há alguns anos atrás, quando a banda larga era ainda um item caro demais na minha cidade, eu comecei a frequentar algumas lan houses para baixar arquivos no meu pendrive. Vocês sabem, né: download vem, download vai, e, conforme a coisa vai ficando habitual, o "gato" acaba ficando mal-acostumado e cada vez mais "corajoso". Foi então que eu comecei a baixar alguns arquivos mais - digamos assim - "perigosos". Certa vez, eu aindei baixando pelo 4shared, algumas versões de alguns conhecidos trojans, para testar algum dia e ver como funcionavam - até hoje nunca consegui fazer nenhum deles funcionar, acho que nunca vou chegar a ser um hacker :-(. Sites de hospedagem de arquivos como o rapishare, o megaupload e o 4shared estão longe de ser uma fonte segura de onde se possa baixar programas, ainda mais se forem programas piratas - aliás, hoje em dia está cada vez mais difícil achar programas piratas que sejam "limpos", sem vírus ou trojans; bons tempos aqueles em que a maioria dos programas piratas era disponibilizada por pessoas apenas revoltadas com o alto preço dos softwares... Mas enfim, um belo dia, eu fiz a temeridade de executar o instalador do turkojan que eu havia baixado do 4shared e instalá-lo no pc da lan house. Dias depois, quando eu estava na lan house de novo, escutei o dono conversando com um conhecido dele e dizendo que havia formatado todos os computadores, pois havia um vírus nas máquinas que exibia caixas de mensagem em uma língua estranha. Na hora, não pensei que ele talvez pudesse estar dando uma indireta pra mim (não sei se ele tinha ou conhecia alguma ferramenta para identificar um possível usuário "travesso" como eu). Talvez ele apenas estivesse comentando sem saber quem tinha feito aquele estrago. Também não tenho certeza se ele conseguiu descobrir. Enfim, esse foi apenas um incidente grave de alguns outros que eu cometi durante esses meus mais de 15 anos de vida digital. Outra "gafe", ou pisão na bola, que eu cometi foi num dia em que eu estava baixando a iso bootável de um conhecido programa para clonagem de partições e HDs. Não sei se as placas de rede da lan house só suportavam 100 kbps (fast ethernet) ou se o link da internet dele tinha como limite apenas esta velocidade (o que não é muita coisa para as necessidades de hoje em dia). O fato é que eu estava fazendo o download a 90kbps e drenando quase toda a banda de conexão disponível. Vários usuários estavam reclamando da lentidão da internet, quando o cara me mandou uma mensagem pelo programa de gerenciamento da lan house, pedindo para que eu pausasse ou cancelasse alguns downloads. Levei um susto com aquilo, pensando se ele podia estar vendo quais downloads eu estava fazendo (downloads "não-permitidos", diga-se de passagem: programas, softwares...). Mas, cara de pau e folgado, ainda voltei algumas vezes nesta mesma lan house (a necessidade de fazer downloads obriga, né, e já que ele não tinha tomado nenhuma atitude mais "drástica" além de uma simples advertência...). A festa só acabou quando o cara vendeu a lan house que, a propósito, mudou de endereço e mudou seu horário de funcionamento também.
Um deslize ainda mais grave eu cometi quando perguntei ao dono de uma lan house se ele podia baixar alguns torrents para mim. Na época, não haviam muitos programas com suporte a bittorrent e, dependendo da velocidade da conexão e do número de usuários compartilhando o mesmo arquivo, o download poderia demorar muito, ou seja, o tempo gasto para ficar sentado esperando o download e o preço das horas gastas seria exorbitante. Para minha surpresa, ele aceitou prontamente, "de boa"; combinamos um precinho camarada, mas certo dia eu meio que no descuido e na pressa, esqueci de perguntar a ele se não tinha problema baixar videos pornôs na máquina dele. Ele também, muito boa gente e prestativo, disse que baixaria todos os torrents que estavam no meu pendrive (no caso, os arquivos .torrent que especificavam os arquivos reais a serem baixados) e que eu não precisava escolher ou dar prioridade a nenhum deles; ele baixaria todos pra mim. Infelizmente, ele também não olhou o "contúdo" dos arquivos que estavam referenciados naqueles torrents e baixou, inocentemente, vários videos pornôs. Depois de baixados, ele passou os arquivos pra mim, mas ainda sem desconfiar o que tinha em sua máquina de uso, digamos assim, "público". Foi só quando eu fui pedir para ele baixar mais alguns torrents pra mim que ele me falou que "alguém" havia baixado material pornográfico, vídeos "indecentes" em sua máquina, que era utilizada e frequentada por crianças, pessoas que não poderiam ver aquele tipo de "coisa" e que ele não baixaria mais nada pra ninguém. Ele ainda disse que não sabia quem tinha feito ou sido o responsável por aqueles downloads, mas nesse dia "a ficha caiu" e depois de outro susto e de sentir o coração acelerar e o ar faltar, por conta do medo de que ele talvez pudesse tomar alguma atitude assim mais "exagerada", eu encerrei finalmente a minha odisséia de downloads em lan houses. E sempre quando eu tinha que passar na rua daquela lan house, eu passava apressado, do outro lado da rua, ou mudava de caminho. Passado algum tempo, nunca mais vi o cara naquela lan house, acho que ele também vendeu, passou o ponto, sei lá.
O último incidente que tenho a lhes contar, "crianças", foi quando eu baixei um filme famoso, baseado no livro "Breve romance de sonho" , de Arthur Schinitzler, em outro computador, digamos "público". Quem já viu esse filme, sabe que ele contém cenas de nudez e sexo explícito, ainda que ele não seja um filme pornô. Ora, esse tipo de conteúdo é impróprio para ficar em um computador usado por pessoas das mais diferentes idades, crenças, ou orientação moral. O fato é que eu devia ter baixado, sim, esse filme, mas devia tê-lo apagado - depois de devidamente copiá-lo no meu pendrive. Um esquecimento e um apavoramento imperdoável que poderia também ter tido consequencias mais graves, dependendo da atitude e da intolerância do dono do estabelecimento (caso ele descobrisse, é claro). Felizmente - ou infelizmente, nesse caso, eu nada soube depois sobre o que havia acontecido com o computador no qual baixei esse filme. Sei que os computadores de lá, pela natureza do estabelecimento, são de tempos em tempos formatados. Não sei também se alguém "esbarrou" com o arquivo do filme, de modo que fica aí o aviso e a lição para os mais incautos como eu: você pode sim sujar a panela para fazer o seu omelete com ovo estragado (afinal, cada um se alimenta com o que quer), só não se esqueça de lavar a panela depois - pra ninguém saber o que você comeu. Ou também: você pode usar o banheiro alheio e cagar na privada dos outros, mas não se esqueça de dar descarga - pra ninguém ver a merda que você fez.
Juízo, hein, "criançada"!

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