sexta-feira, 16 de julho de 2010

O inglês e a informática

A informática, como todos nós sabemos, nasceu nos países de língua inglesa. Desde o surgimento da máquina de calcular mecânica inventada pelo inglês Charles Babbage até o surgimento daquilo que pode ser considerado o primeiro computador moderno (o Eniac - construído pelas forças armadas norte-americanas que ocupava um andar inteiro de um prédio e funcionava movido com válvulas e relés), os fatos mais importantes da história da informática aconteceram em países de lingua inglesa ou em países que têm o inglês como segunda língua. O inglês é a língua universal de fato e, no caso da informática, é a língua universal de fato e de direito, já que a informática floresceu em tais países onde se fala e se escreve na língua do tio Sam. Devemos lembrar também que a internet nasceu de um projeto do exército americano, que pretendia criar uma rede de comunicação redundante, capaz de resistir a uma guerra nuclear. Por ter raízes tão profundas nesses países, é indispensável o conhecimento do idioma inglês na área de informática, principalmente em relação aos termos técnicos, cada vez mais presentes na vida de todos nós: palavras como formatar, deletar, inicializar, bootar já fazem parte há muito tempo do cotidiano dos escritórios e empresas, isso só pra citar os exemplos mais triviais. Assim sendo, é inevitável a incorporação destes termos na nossa língua portuguesa, tendo em vista que eles foram criados numa língua estrangeira e para designar situações ou coisas específicas para as quais geralmente não há termos equivalentes em nossa língua. Quando se fala em deletar, por exemplo, sabe-se que está apagando um arquivo e não passando uma borracha num caderno; quando se diz formatar sabe-se que se está criando uma nova tabela de arquivos num disco rígido e não moldando uma peça de argila, por exemplo. Certos termos perdem muito do seu significado se forem traduzidos para a nossa língua. Por exemplo a palavra software, já pensou se fossemos traduzi-la como fazem os franceses dizendo ´logiciel´? Ou a palavra arquivo que os portugueses traduzem como ficheiro? Horrível, né? E o que dizer das palavras hacker, monitor, mouse, site? Deveríamos dizer écran (monitor), rato, sítio, como fazem os portugas? Acho que não, né. Agora outra coisa que não entendo é a ojeriza e a má vontade que muitas pessoas têm para com a língua inglesa. Como muito bem nos explica o grande escritor Anthony Burguess (autor de A laranja mecânica) em seu livro A literatura inglesa, cerca de 20 por cento das palavras da língua inglesa são de origem latina. Isso porque lá pela Idade Média o rei da França, por questões de parentesco, acabou sendo o herdeiro mais próximo na sucessão ao trono inglês e graças ao seu governo, muitas palavras francesas (o francês veio do latim, assim como nossa língua) foram introduzidas no idioma inglês. Ou seja, o ingles não é uma língua completamente estranha. É só a gramática que é um pouco diferente e as palavras de origem anglo-saxã que nos confundem um pouco com seu excesso de consoantes. Ah, e tem os falsos cognatos também (palavras parecidas na forma mas com significados diferentes). Por exemplo: resume (continuar, retomar - muito usado em programas gerenciadores de download e outras tarefas que normalmente são demoradas e requerem a retomada em um momento mais oportuno). Bom, crianças, espero que vocês passem a olhar com mais carinho para o idioma nativo da internet e da informática. Poder ler manuais na língua em que foram originalmente escritos às vezes é bem melhor do que tentar decifrar uma tradução mal-feita e que geralmente nos confunde ainda mais.
Ainda não consegui te convencer? Tente ler então um manual escrito em alemão, russo, grego, chinês, japonês, coreano... Aí você vai ver o que é difícil de verdade!

See you next time, children. Hasta la vista, muchachos y muchachas!

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