sábado, 18 de setembro de 2010

A nudez da alma

Vivemos numa época estranha. Se, de um lado, a beleza do corpo é cada vez mais valorizada, tendo como principal veículo de divulgação ideológica a televisão e as revistas de nudez explícita, de outro lado vemos cada vez mais as pessoas vestindo disfarces morais, escondendo quem elas são, fingindo ser quem elas não são.
Vestem o disfarce da mentira, da falsidade, da desonestidade, e usam roupas que cada vez mais revelam o próprio corpo, seja através de tecidos cada vez mais justos, colados ou transparentes ou mais curtos e com um corte que valoriza as curvas do corpo. Se por um lado as pessoas querem cada vez mais chamar a atenção para o próprio corpo, por outro, cada vez mais têm vergonha de dizer o que pensam, o que sentem, quem são realmente. Ser autêntico hoje em dia exige tanta ou mais coragem do que exigia mostrar o corpo antigamente.
Todos querem encobrir as próprias faltas, os próprios defeitos de caráter, escondendo-os atrás de cirurgias plásticas, exercícios físicos em academias ou em eventos do "high society", baladas e noitadas onde o que fala mais alto é a aparência externa. A beleza do corpo é valorizada, mas a beleza da alma tem sido cada vez mais encoberta e menos valorizada.
Ainda bem que na internet ainda podemos expor a nudez de nossas almas, protegidos pelo anonimato e banhados pelos pixels que iluminam nossas idéias, assim como o sol ilumina o nosso corpo.

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