terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre a Literatura e a Informática

Um dos meus primeiros contatos com a literatura foi, quando criança, ao ler "O Pequeno Príncipe". Na época, com mais ou menos 8 anos de idade, achei a história um tanto quanto boba e sem graça. Não tinha nada de naves espaciais, nem de personagens sobre-humanos como o He-man, o Super-homem, nem muito menos a sagacidade e diligência nítidas do Batman. Já aos 13, uma professora de português um tanto quanto inovadora (na época, achava ela meio doida e despropositada), nos fez ler o capítulo do livro "O profeta", de Kahlil Gibran, que falava sobre o trabalho. Quem já leu o referido livro, sabe que ele é todo escrito com metáforas e belas imagens poéticas. O vocabulário então, com muitas palavras que para mim naquela idade representava uma dificuldade quase intransponível, coroava o rol do non-sense que aquele texto representava para este humilde blogueiro, naquelas manhãs e tardes quentes e ensolaradas de cidade grande. Com pouca experiência de vida - e vida social mais limitada ainda (minha rotina muitas vezes se resumia a ir de casa pra escola e vice-versa, por causa dos perigos e constantes assaltos naquela conturbada época de recessão, plano Collor, desemprego, falência de empresas e pessoas em cada esquina), nada pude entender do que afinal tratava aquele texto maluco. Alguns anos mais tarde, já na faculdade, pude comprar uma edição do "Profeta", publicada pela Ediouro e já com alguns pesadelos e fantasmas exorcizados pela experiência, pude entender e perceber a grandeza daquele texto sublime. Só a experiência pode trazer aquela sabedoria de vida tão necessária para a gente entender como as coisas são. Mas eu ainda estava verde para ler o Pequeno Príncipe e só recentemente - no ano passado - tive a curiosidade de relê-lo e qual não foi minha surpresa ao perceber e reconhecer as grandes verdades que lá estão escritas: "O essencial é invisível aos olhos" e "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"! Hoje vejo que este não é exatamente um livro escrito para crianças, pois só um adulto pode entender plenamente os conceitos morais envolvidos na obra; para uma criança isso fica meio subentendido, pouco claro, e, na minha opinião, acho que essa história faz sucesso entre as crianças mais pelo lado fantástico do menino que se agarra a um bando de pássaros e viaja pelo espaço. O essencial é o amor, a amizade; e aqui peço perdão a todos aqueles a quem magoei um dia, pois somos sempre responsáveis pelo sentimento que cativamos nos outros...
Já minha experiência com a informática não foi muito diferente da minha experiência com a literatura, pois no começo tudo era muito nebuloso e sem sentido, mas com o tempo (e a prática, com muito chá de cadeira, pelas longas horas sentado em frente ao micro - e uma dor ardida no braço que segura o mouse), hoje já compreendo - por alto - como funciona a máquina e geralmente consigo me virar sozinho nos (muitos) momentos de desespero.

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